A história da pimenta

      No dia 3 de Agosto de 1492 sob as ordens dos reis espanhóis, Cristóvão Colombo deu início a sua viajem em busca de uma nova rota marítima para a Índia, em direção do ocidental. Em 12 de Outubro de 1492 a frota alcançou o continente americano, desembarcaram para efetuar o reconhecimento e foram gentilmente recebidos nativo, que, em sinal de amizade lhe ofereceram espigas de milho, os visitantes confundiram rapidamente o milho com o milhete, um grão de espiga ovoide e pequena muito parecida, originária do velho continente. Em seu retorno á Espanha levou consigo alguns dos novos produtos descobertos, entre eles a batata doce, o tomate, o milho, alguns papagaios e a pimenta, chili como era conhecida à pimenta. (BELLUZZO, 2004).

     Segundo as explorações feitas em Tehuacán no México, foram encontrados indícios que os nativos que habitaram por volta de 9000 anos AC, já utilizavam a pimenta em sua alimentação. (GONÇALVES, 2009)
  
      Após a queda dos Maias que habitavam as terras mexicanas de 9.000 AC até o século IX; devido as guerra, doenças, inundações e longas secas acabaram abandonando suas cidades na busca por sobrevivência; surgiu uma nova civilização, os Astecas, bárbaros nômades que migravam devido à escassez de alimento. Tal civilização que se baseava profundamente nas crenças e mitos, onde, a cada deslocamento deveriam encontrar uma águia devorando uma serpente em cima de um Nopal (cactos). (BELLUZZO, 2004)

“[...] o Nopal representava a terra, a águia representava o ar e a serpente representava a água – três elementos essenciais para a sobrevivência dos Astecas [...]”. (BELLUZZO, 2004, p. 125)

       Em 1519, Hernán Cortés desembarcou para conquistar o novo continente com objetivo de apossar-se dos novos produtos encontrados e colonizar as terras. Foi recebido como com muita festa e alvoroço, pois os Astecas acreditavam que ele era o deus Quetzalcóatl, de sua mitologia e retornou para de alguma forma governar-lhe. Trajando armaduras prateadas, elmos emplumados e montados sobre animais de quatro patas, foram recebidos pelo imperador Montezuma II, como se fossem deuses, cobrindo-os de colares de ouro com pedras preciosas e lhes conduzindo á Tenochtitlán, centro do império Asteca. Receberam um banquete digno dos Deuses.
Com a abundância de riquezas que essa nova terra possuía, tais como: o Ouro e pedras preciosas, terra fértil, o peru, papagaios, cacau, milho, batata, tomate, frutas e chili ou pimentas; os espanhóis não conseguiram controlar sua ganância, sabendo também que as paredes dos aposentos do imperador eram revestidas de ouro, renderam Montezuma II e lhe obrigaram a jurar obediência ao rei Carlos V.
Já em 1520, um novo confronto, os astecas expulsaram os espanhóis de suas terras, ficou conhecida como Batalha da Noite Triste; sob o comando do novo imperador Cuauhtémoc, os astecas não se renderam em meio as doenças e batalhas sangrentas, mas no ano seguinte Cortés retornou com força máxima de seu exército destruindo a cidade, dizimando a população e assim deu o desaparecimento do império Asteca. (BELLUZO, 2004)
      Nessa época os navegadores portugueses e espanhóis estavam em busca da descoberta do novo mundo e de novos sabores preocupados com a corrida das especiarias, comércio mais rentável da época; foi onde encontraram uma pimenta mais ardida que aquela que eles estavam acostumados, no caso a pimenta-do-reino (Piper Nigrum). (GONÇALVES, 2009.)

“[...] Os navegadores de Portugal e Espanha que descobriram o novo mundo também fizeram a descoberta de muitas plantas que hoje são cultivadas mundialmente, entre elas as pimentas e os pimentões [...]” Gonçalves (2009, p.22)

      Com a descoberta da América em 1492, permitiu-se que as espécies picantes e doces de pimentas e pimentões viajassem o mundo e iniciar o domínio sobre as especiarias já conhecidas no velho continente. A globalização do uso é dada pelo primeiro registro no livro de história Stirpium, escrito por Leonhartus Fuchsius em 1543. Entende-se que os navegadores de Portugal e Espanha estavam na corrida para o domínio do comércio da pimenta-negra do gênero Piper Nigrum, acidentalmente descobriram o novo mundo (América) e com ele descobriram muitas plantas que futuramente seriam mundialmente cultivadas, tais como as pimentas e os pimentões, todos do gênero capsicum. E que cinco séculos depois ela dominaria o comércio de especiarias picantes; as pimentas e pimentões estão entre as dez hortaliças mais importantes do mundo. (EMBRAPA, 2000)
      Relatos dos exploradores na época do Brasil colônia, referiam ao cultivo e consumo dos indígenas, que era um dos itens principais das refeições e é até hoje entre os índios Mundurucus na baia do rio Tapajós. (GONÇALVES, 2009.)

“[...] “a pimenta (capsicum), o Pau Brasil e o Algodão eram moeda de troca, as quais os índios davam em troca de facas e machados trazidos pelos europeus” [...]” (GONÇALVES, 2009, p.23)